Quem se lembra do Turbo Pascal ? Linguagem muito bacana na época em que surgiu na década de 80, Pascal originou do ALGOL, uma linguagem de programação voltada para computação científica. Em um congresso em Zurich, um comitê internacional designou o ALGOL como uma linguagem independente de plataforma. Isto deu mais liberdade para as características que eles poderiam colocar na linguagem, mas também tornou mais difícil a escrita de compiladores para ela. Muitos fabricantes de computador não fizeram compiladores. A carência de compiladores em muitas plataformas, combinada com sua carência de ponteiros e muitos tipos de dados básicos tais como caracteres, fez com que ALGOL não fosse amplamente aceito. Cientistas e engenheiros migraram para o FORTRAN, uma linguagem de programação que estava disponível em muitas plataformas. O ALGOL acabou quase totalmente abandonado exceto como uma linguagem para a descrição de algoritmos.
Por volta dos anos 80, Pascal já tinha se tornado amplamente aceito em universidades. Duas coisas aconteceram para torná-lo mais popular.
Primeiro, o Educational Testing Service, a companhia que escreve e administra o principal exame de admissão em universidades (semelhante ao vestibular) dos Estados Unidos, decidiu adicionar um exame de Ciência da Computação aos seus exames de Colocação Avançada para estudantes de escolas secundárias. Para este exame, foi escolhida a linguagem Pascal. Por causa disso, os estudantes de segundo grau assim como estudantes do primário começaram a aprender Pascal. Pascal permaneceu como linguagem oficial nesses exames até 1999, quando foi substituído por C++, que deu lugar ao Java logo depois.
Segundo, uma pequena companhia chamada Borland International lançou o compilador Turbo Pascal para o IBM Personal Computer. Este compilador foi revolucionário. Ele pegou alguns atalhos e fez algumas modificações no Pascal padrão, mas essas foram poucas e mantiveram a sua maior vantagem: velocidade. O Turbo Pascal compilava a uma taxa estonteante: milhares de linhas em um minuto. Naquela época, os compiladores disponíveis para a plataforma PC eram lentos e gigantescos. Quando o Turbo Pascal apareceu, ele era um milagre. Logo, o Turbo Pascal tornou-se o padrão de fato para programação em PC. Quando revistas de computação publicavam códigos fonte para programas utilitários, eles eram geralmente ou em assembly ou em Turbo Pascal.
Ao mesmo tempo, a Apple lançou sua série de computadores Macintosh. Desde que o UCSD Pascal foi implementado pela primeira vez no Apple II, a Apple fez do Pascal a linguagem de programação padrão para o Macintosh. Quando os programadores receberam a API e códigos de exemplo para programação em Mac, eles eram todos em Pascal.
Em milhares de universidades mundiais, esta linguagem é aceita tanto por académicos e docentes, fazendo parte das disciplinas de cursos de Informática. A razão deve-se por ser considerada mais estruturada, de fácil aprendizagem e intuitiva que as anteriores(Fortran,Cobol,Assembly), com amplo suporte a depuração de erros.
Da versão 1.0 até a 7.0 do Turbo Pascal, a Borland continuou a expandir a linguagem. Uma das críticas da versão original do Pascal era a carência de compilação separada para módulos. Wirth até criou uma nova linguagem de programação, Modula-2, para resolver esse problema. A Borland adicionou esse conceito de módulos ao Pascal, através de units.
Na versão 7.0, muitas características avançadas foram adicionadas. Uma delas foi a DPMI (DOS Protected Mode Interface), uma forma de executar programas DOS em modo protegido, obtendo velocidade extra e liberdade de quebrar a barreira de 640K instituída pela Microsoft em suas primeiras versões do DOS. O Turbo Vision, um sistema com janelas, baseado em texto, permitiu aos programadores criar interfaces interessantes quase que instantaneamente. Pascal até se tornou orientado a objetos, quando a versão 5.5 adotou as extensões do Apple Object Pascal. Quando o Windows 3.0 foi lançado, a Borland criou o Turbo Pascal para Windows, unindo a velocidade e facilidades do Pascal à interface gráfica para usuários (GUI). Parecia que o futuro do Pascal estava garantido. No entanto a Borland, a empresa que mais investiu em tecnologias e compiladores Pascal, decide abandonar esta linguagem de programação em 1995, motivada pela forte concorrência das linguagens Microsoft Visual C++ e Visual Basic. Anos mais tarde, a mesma empresa desenvolve o Delphi - sucessor de Turbo Pascal - mais vocacionado para a arquitectura API das plataformas Windows.
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